Jeff Bezos, criador da Amazon, afirmou certa vez que aqueles que pretendem inovar devem aceitar o fato de que muitas vezes não serão compreendidos. Sim, esta é uma realidade, mas que não deve impedir ninguém de seguir novos caminhos, principalmente quando estamos certos que o destino é um lugar muito melhor.
Quando concebi a class action face à Petrobras, que culminou no início deste ano com um acordo de aproximadamente 3 bilhões de dólares em indenização aos investidores, no exterior, vítimas do esquema de corrupção que nela se instalou, sabia que trilhava um novo caminho, que não estaria imune a críticas.
No entanto, conhecedor dos aspectos legais aplicáveis ao mercado de capitais norte americano, sabia também que a economia, em um mundo globalizado, não mais aceita este tipo de atitude por parte de uma empresa que busca financiamento externo.
O caminho a ser trilhado tinha que levar a uma responsabilização da Petrobras por seus erros, a correção de sua rota e, por fim, ser um divisor de águas no tocante a adoção da boa governança corporativa no Brasil e a da percepção de nossas empresas no exterior.
Também um exemplo de respeito ao patrimônio privado, que dentro de uma economia de mercado capitalista, merece também a proteção do Estado, nos termos da lei.
Portanto, no momento em que acordo foi formalizado, senti o orgulho de ter cumprido uma missão a contento. Era o desfecho de anos de trabalho árduo, nos quais minha trajetória profissional esteve associada a algumas das maiores questões em discussão no Brasil.
Embora estivesse em Nova York, pensava no futuro de meu país, feliz em contribuir para a conscientização da necessidade adaptação à padrões mais éticos na economia, um avanço civilizatório importante. Havia feito uma contribuição considerável dentro do meu campo de atuação, sempre de acordo com os princípios que defendi, de ética, transparência e defesa da liberdade econômica, dentro de uma economia com regras regras justas.
Assim, quando o acordo foi anunciado, no início do ano, já estava entre NYC e São Paulo e, apesar da avassaladora pressão da mídia por mais informações, que inclusive impediu que a equipe de nosso escritório tivesse tempo de comemorar, foquei em sempre deixar absolutamente clara sua importância, uma vez que a responsabilização da Petrobras foi uma lição que necessariamente implicará na melhoria da gestão corporativa no Brasil.
Irá levar também, temos confiança, a um aprimoramento de nossa jurisprudência sobre o tema, uma vez que a discussão judicial para a indenização daqueles que investiram no Brasil já tem um precedente, que deverá ser levado em conta pelo Poder Judiciário brasileiro.
Em verdade, a própria discussão gerada pelo acordo no exterior já é em si um avanço, pois este tipo de questão judicial é praticamente inédito em nosso país. A indenização de nossos investidores, nesse contexto, acredito, será mais uma etapa fundamental.
2018 é ano de Copa do Mundo, de eleições e, esperamos, de crescimento econômico, ainda que modesto, após anos de contínua crise.
Existem razões de otimismo, mas também para receio de que nossas divisões internas nos desviem da concretização de um projeto nacional viável.
Pessoalmente, desejo que possamos, enquanto sociedade, nos unir, não apenas em torno do futebol, mas na construção de um país melhor, este sim, o objetivo final pelo qual devemos lutar, com mais cooperação, mais entendimento, sempre com base na ética, na integridade e no valor do trabalho.
Este não é apenas o melhor caminho para o sucesso. É o único.
Em outras palavras, bola pra frente, inteiramente focados em nossa responsabilidade, individual e coletiva, de construirmos um futuro melhor para nós mesmos. Estou seguro de que todos merecemos.